A resposta, subentendida nesse tipo de textículo, é que "não somos alemães". Se fossemos "alemães", poderíamos ter o direito de receber $184 euros por mês por cada filho, para todas as faixas de renda, ou $324 para famílias de baixa renda, sem corrermos o risco de nos tornarmos parasitas e desonestos. Se fossemos "alemães", poderíamos garantir moradia e uma renda mínima mensal de $382 euros para qualquer pessoas desempregada, com ou sem filhos, sem nos tornarmos preguiçosos e cachaceiros.
Mas, claramente, não somos "alemães". Na mão de alemão pobre, bolsa-família, renda-mínima e coisas do tipo viram welfare, construção de cidadania, direitos humanos, exemplo de primeiromundismo. Na mão do pobre brasileiro, vira cachaça e incentivo à preguiça.
Ora, o que salta aos olhos nessa lógica é que o nosso pobre não é tão "alemão" como o pobre da Alemanha. O alvo, raramente dito abertamente, está sempre lá. O pobre deles vem de uma cultura que preza a honestidade, a ética, o trabalho (leia-se: nórdica, européia e civilizada). O nosso, vem de uma cultura bronca, capenga, incompleta, imatura (leia-se: preta, índia, favelada, retirante, nordestina).
O problema não é o "jeitinho brasileiro" ou a "malandragem". É a subordinação e dominação de uma parte da população pela outra. Aquela que se auto-define como representante dessa moral (nórdica/européia) trabalhadora, sobre aquela que é definida como pobre, parda, parasita e incompleta, quase infantil. Nessa nossa sociedade, como no futebol, o que é parasitismo e maladragem desse setor dominante da sociedade vira exceção à regra. Já o comportamento da camada preta, índia, favelada, retirante e nordestina é sempre resultado da sua cultura parasitária.